27 maio 2017

A Matéria que Renegas - Poema de Marcelo H. Zacarelli


A Matéria que Renegas

O que mais pode me doer que a solidão?
Meus ouvidos estão cerrados
Exceto ao som estridente desta matéria impulsiva

Madeiras e cordas
Ombros e mãos de um angustiado...
Que ao decorar as notas
Absorveu a alma de tal miserável

Ao longe, bem ao longe
Posso senti-la me horripilando, veiculadas ao ar
Como faca nos meus tímpanos

Meus olhos vendados perseguem as sombras
Que se movimentam e passa por mim
As meninas entorpecidas passam por despercebidas
Meus lábios sim, provaram a sede de esquecer alguém

Como o ribeirão profundo
Ou o mais seco dos desertos
Porém, o que restou? Eu nunca soube ao certo
Onde pairavam os meus pensamentos?

Adrenalina das minhas veias
Levaram-me a caminhos que eu não queria ir; Eis me aqui...
Estilhaços dos meus ossos
Não mais me vês; Não estou aqui!
Exceto a matéria que renegas

Não estendas as tuas mãos em vão
Nem te apiedas deste fraco
No coração deste instrumento
Está a esperança que me atormenta
No cansaço deste humano músico
A dor deste miserável ecoa
A solidão e a saudade são irmãs inseparáveis
E moram aqui comigo desde que partiu.  


Marcelo Henrique Zacarelli 
Village 20 de outubro de 2008.

Não mais me vês; Não estou aqui!
Exceto a matéria que renegas...


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