Reminiscências não, imaginação
Mãe, a ti que levei à terra
Como pudestes me carregar em teu ventre?
Talvez quiseste tu que aguardasse a tua morte
Naquele minuto infame, teu longo morrer, ausência de voz e sofrias...
Mãe que eras por nome a irmã de Cristo
Bem ali tu estavas e não me vias
Eu era teus olhos que chorava desde menina
Em completo abandono da alma, contigo morrias...
Na rua de repente me ocorre de ir a tua casa
Vejo em cima da estante o teu retrato
Tão linda nos teus dezenove anos
Meu pai te amava, e eu nem existia...
Mãe, a ti que levei à terra
Nesta exéquias teus parentes choram
Diante de teu féretro até a flores fenecem
Não é fácil a ruína de um corpo...
Neste sítio onde desejastes ficar
Encontra-se um horrendo coveiro
No cemitério a procissão das formigas te vigiam
Uma a uma marcham, em solene homenagem ao teu nome...
Eu bem sei que um dia ei de encontrar-te
Porque o tempo há de se encarregar dos meus dias
Quando tu, mãe, cortastes de ti o cordão umbilical
Não era separação, nem era morte, era vida...
Mãe, a ti que levei à terra
Como pudestes me carregar em teu ventre?
Por mais que eu queira homenageá-la
Não valem todos estes versos uma lágrima tua.
"Homenagem à Lidia Regina Soares Zacarelli
que faleceu em 23 de fevereiro de 2019
aos 72 anos na cidade de Jaboticabal;
E à você Luciana o meu modo de pensar dentro de você"
Marcelo Zacarelli
Village (Itaquá) SP, 07 de Julho de 2019
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Tão linda nos teus dezenove anos
Meu pai te amava, e eu nem existia...
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