Cotovia
Ah! Se eu pudesse viver
sem você...
Este fio de sangue quente
Que jorra
desesperadamente
Do meu coração ainda
jovem
Estremeço só de pensar
que ainda posso te perder.
Mas, os arrebóis que
passam
Sobre a tarde que cai,
vadia...
Faz o teu canto despertar-me
Uma maldita sinfonia,
tardia
Exéquias, minha
alma que vagueia.
Nado no lodo da
exacerbação
No dolo da estúpida
peregrinação
Meu coração é cigano, é
engano...
E sangra feito animal
ferido
Ah! Se eu pudesse
respirar sem você.
Sei que não amas mais
este homem
Deveras, pois o teu canto
passou despercebido
Na fria campa repousou o
teu baluarte
Vens me visitar todos os
dias
Porque ali me deito,
exéquias do teu canto.
Há um hieróglifo que não
podes decifrar
Que jaz na lápide
envelhecida
Por que me procuras onde
não estou?
Por que me procuras,
pequena cotovia?
Não sabes que sou
pensamento.
Marcelo Zacarelli
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