26 setembro 2022

Cotovia - Poema de Marcelo H. Zacarelli

 


Cotovia

 

Ah! Se eu pudesse viver sem você...

Este fio de sangue quente

Que jorra desesperadamente

Do meu coração ainda jovem

Estremeço só de pensar que ainda posso te perder.

 

Mas, os arrebóis que passam

Sobre a tarde que cai, vadia...

Faz o teu canto despertar-me

Uma maldita sinfonia, tardia

Exéquias, minha alma que vagueia.

 

Nado no lodo da exacerbação

No dolo da estúpida peregrinação

Meu coração é cigano, é engano...

E sangra feito animal ferido

Ah! Se eu pudesse respirar sem você.

 

Sei que não amas mais este homem

Deveras, pois o teu canto passou despercebido

Na fria campa repousou o teu baluarte

Vens me visitar todos os dias

Porque ali me deito, exéquias do teu canto.

 

Há um hieróglifo que não podes decifrar

Que jaz na lápide envelhecida

Por que me procuras onde não estou?

Por que me procuras, pequena cotovia?

Não sabes que sou pensamento.

 

Marcelo Zacarelli

Itaquaquecetuba, 10 de Junho de 2020

Mas, os arrebóis que passam

Sobre a tarde que cai, vadia...


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