Foto: Sebastião Salgado |
Epitáfio II
A velha campa escassa, úmida de pouca pintura,
guardava um segredo em seu útero sombrio.
Um epitáfio de poesia surrealista,
a alma de um poeta que ali jazia...
O duro inverno a congelava,
mais da alma e menos do corpo que não mais existia.
Paro em frente e testemunho um silêncio que é só meu,
absurdo mas propício para o dia.
Tento entender a minha subsistência,
o meu eu que ali se tornou esquecimento,
lágrimas não me trarão a sínica heresia.
Nem um sorriso sincero de uma boca desprovida,
quantos sóis e jardins verdes, Menos vida.
Tento me afastar daquilo que me restou,
da metamorfose que me é cabida;
Levo comigo o ódio que me tornou,
e o amor em epitáfio como poesia.
Marcelo Henrique Zacarelli
Village, Março de 2012 no dia 15
Foto: Sebastião Salgado |
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