Foto: Sebastião Salgado |
Moribundo
Eu, um moribundo vagabundo na vala a apodrecer
Nefasto, meditabundo, a esfalfar-se no entardecer
Eu nesta frialdade da alma em um outono ufano
Escapelo a vaidade de um dia profano.
Eu, em largas passadas vejo o sol a escurecer
Intrépido, estarrecido, hipocondríaco ser
Ostento por um momento um pensamento insano
O de que posso morrer ou viver por engano.
E faz-se medrar na haste a minha dor
Em delírio e febre o ardente sangue
O tecido do meu corpo em estupor.
Do vaso raso, estiolado pulso cortado
Faz vazar a vida de um pobre eloquente
Um moribundo salvo, farto e desgraçado.
“Soneto”
Marcelo Henrique Zacarelli
Village, Agosto de 2012 no dia 07
Foto: Sebastião Salgado |
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