Tetraplégico
Você que me olha num leito
Não julgue a carcaça de um pobre diabo...
Aquele que tem a dor por confinamento
A febre na pele, pelo amor odiado;
Ainda que possa sentir o mar, o sal, o cheiro...
A solidão de um pássaro em plena revoada
Por que sei que tens um dia inteiro
Em mim a eternidade para tocar a minha alma;
Porém não as impedem os meus pensamentos
A súbita, ingrata e trancafiada vidraça...
Há tanta vida lá fora eu rogo em lamento
Mas não a nada que queira e não faça;
Posso até abraçar a fina areia
Senti-la nos dedos ecoar pela vala
A lua curvar aos meus pés; Esperneia...
Sou tetraplégico na carne
Condenado a solidão, subordinado a saudade...
Sou um pintor cujo pincel se desenha com a tinta da alma.
Marcelo Henrique Zacarelli
Tucuruvi, São Paulo, Março de 2013 no dia 01
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