05 dezembro 2013

A Um Epilético - Augusto dos Anjos


A Um Epilético

Perguntarás quem sou?! — ao suor que te unta, 
À dor que os queixos te arrebenta, aos trismos 
Da epilepsia horrenda, e nos abismos 
Ninguém responderá tua pergunta! 

Reclamada por negros magnetismos 
Sua cabeça há de cair, defunta 
Na aterradora operação conjunta 
Da tarefa animal dos organismos! 

Mas após o antropófago alambique 
Em que é mister todo o teu corpo fique 
Reduzido a excreções de sânie e lodo, 

Como a luz que arde, virgem, num monturo, 
Tu hás de entrar completamente puro 
Para a circulação do Grande Todo! 

Poema de: Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, atualmente no município de Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade.

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