11 janeiro 2014

Reticências - Poema de Marcelo H. Zacarelli


Reticências

Pobre diabo é que sois
Caçoava de mim, a minha própria existência
Que pensas que é o amor?
Se não da vida, as reticências...
Deixei-as por inacabadas
Mas quem é que não chega a morrer assim?
Eu mesmo vivo farto delas

Replico, de teimoso
Por que amar, este mesmo, nem sabe;
O caminho do ódio me parece mais curto
E põem-te a sofrer menos
Por isso amei odiá-las, por convicção ou acaso

Quando me pego na solidão, lá vem elas
Saltam entre linhas de amores não correspondidos
Podem-se achá-las em qualquer esquina
Qualquer quarto, em goles de bebidas...
Estas coisas, por ironia do destino
Assombraram-me sem qualquer aviso

Então encontrei uma maneira de virar o jogo
Nas exclamações até certo ponto
Por ora até deram certo;
Otimismo demais faz mal a saúde
Adoecem as certezas, alimentam as decepções

Se tudo pode ser uma interrogação
Até mesmo a morte
Fica a dúvida se me perguntares
Até quando a sorte?
Foi então que cansei, 
Abri mão da sínica gramática da vida

Se queres uma sincera opinião sobre a vida
Toma esta por explanação!
Que faço eu agora com os temores desta vida?
Os rumores dos amores!
Ah! Os amores...


Marcelo Henrique Zacarelli
São Paulo, 09 de Janeiro de 2014
(Bairro de Pinheiros)

Quando me pego na solidão, lá vem elas,
Saltam entre linhas de amores não correspondidos...


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