Aço da Saudade
Lamina cega que ao pulso cerra
O frio do teu metal confronta-lhe a
face
Que ocultas sinais e tremores
O teu golpe que do frio sangue jorra
Esvaziar se faz em copos rasos
Um sorriso disperso e atento
Inquieto espera o desferir
Não mais que o tempo o machuca
O aço da saudade que penetra
Sóbrio o corpo empilha na vala
A guia o toma como morto
Da bebida que exala pela entranha
Usurpar se faz na insensatez
Á cólera que teu rosto assola
A solidão que dispersa em pensamento
Entorpecido arremessa teus olhos ao
céu
Do arrependido Deus que lhe oculta à
face
Torto mendigo de esfacelados pecados
Se o inverno que à tarde trás e o
congela
A lápide envelhecida em negrito o
traga
Amarga e cala a voz que por vez
Outrora não só a matéria que desfaz
A maldita saudade como homem
carregou.
Marcelo Henrique Zacarelli
Arujá, 01 de Abril de 2008
Sóbrio o corpo empilha na vala
A guia o toma como morto...
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