Clarabela
Não há mais canto de um pássaro
Não há mais canto;
Só a lembrança de um choro
De criança sem acalanto
A solitária prisão de uma gaiola
Amanheceu gritando de saudade
Do canto majestoso que se foi
Recebendo de presente à liberdade
Como carta desprezível de alforria
Assinada e concebida pelo tempo
Desapareceste nesta tua valentia
Na incumbência de um falso juramento
Predestinada pela fria natureza
Cumpriste com brio a tua obrigação
Teu canto sofrido de uma rara beleza
Calou-se pra sempre me trazendo à solidão
Onde repousas pequena Clarabela
Meu ouvido reclama o teu canto
Diga-me e juntarei as tuas cinzas
E de Minhalma extirparei meu pranto
Pudera fosse eu o Criador
E não partirias do meu lar sem razão
E arrancaria do peito tamanha dor
Trazendo de volta teu canto em meu coração.
Marcelo Henrique Zacarelli
Itaquaquecetuba,
14 de Abril de 2002
Como carta desprezível de alforria
Assinada e concebida pelo tempo...
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