Medo
Eu tenho um poema dentro de mim
Um poema absurdo e trágico
Que pulsa feito louco nas veias de uma musicista
Um verso meio que avesso, estupido, controverso;
Dentro de mim, esta epifania intuitiva dilacera meus ossos
Apesar da leniência agradável em que aspira meus olhos
Há sim um olhar fortuito e distante que insiste em não dizer
nada
Eu sim tenho muito pra dizer, só não sei como dizer, eu acho...
Um túmulo obscuro e temeroso que esconde um segredo
Uma boca indecente sem dentes, que cheira entorpecentes.
Eu tenho um poema que agora salta das minhas entranhas
Agora sim eu posso ver nos teus olhos cor de âmbar
Eles me dizem tudo que quero saber e ao mesmo tempo são palavras
vazias atiradas ao vento;
Agora é um pouco tarde para desfazer este acontecimento
Não vá parar esta música agora, deixa rolar...
Ela toca minha alma como poucos, embora num todo ela me sufoca e
me faz lembrar que existe medo;
Um medo único e sombrio, e só meu
Um medo de tentar existir.
Marcelo Zacarelli
São
Paulo (Perdizes) 21 de junho de 2019
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Eu tenho um poema que agora salta das minhas entranhas
Agora sim eu posso ver nos teus olhos cor de âmbar
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