Foto: Sebastião Salgado |
Olhos Famintos
Preferes que te veja pela beleza real que ostentas,
ou que te devoras, meus olhos em sutil destreza;
Posso te possuir a carne, que lhe és servido sobre a mesa,
sem tocar-lhe à alma com infinita incerteza.
Em silente oportuno improvável dos meus lábios,
rasos, torturados, iminente detestável;
A insípida boca sente sede sufocável,
do teu beijo maleável, do teu calmo insuportável.
Esperas pelo golpe da ironia ofegante,
em reles oportunos disparates dos amantes;
As tuas suadas mãos lhe suplicam por amparo,
na espreita ardilosa e severa do teu faro.
Promíscuo de um verde estonteante, fictício,
castanho de um lodo contornado em precipício;
Porém a gula dos meus olhos é um aviso,
provável dos lábios, que faz da morte um improviso.
Marcelo Henrique Zacarelli
Village, Setembro de 2012 no dia 20
Foto: Sebastião Salgado |
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