O Pecado de Amélia
Nem bem descansava,
os olhos da remela que acordava,
Amélia quimera.
Prostrada sobre a mesa,
manipulava o talher,
a inquieta mulher.
O prato ! frango ensopado...
senhores convidados,
em que haveis de provar.
Esposa de marido rico,
Amélia ? Quem dera;
a fome costumava a visitar.
Não despojai da tua cruz,
simplória Maria,
Amélia todavia...
Nem perderás teu galardão;
Pelos pratos no fogão,
teus pecados há de vir.
Sobre peitos e coxas,
desferistes vários golpes,
ao fio da navalha, tua boca...
E muitos se foram,
o raso do prato, testemunhados,
os ossos do pobre diabo empilhado.
Corram depressa,
a socorrer por Maria;
Amélia esfomeada,
faleceu por glutonaria.
Marcelo Henrique Zacarelli
São Paulo, Agosto de 2013 no dia 28
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